Associações de diabetes cobram melhor distribuição de insulina

Grupos ligados a pessoas que possuem a doença que atinge 16 milhões de brasileiros se reúnem nesta terça-feira com o governo para exigir providência no acesso às versões mais modernas do medicamento. Governo afirma que distribuiu 39,5 milhões de doses este ano.

O Ministério da Saúde e entidades ligadas a pessoas que possuem diabetes se reúnem nesta terça-feira (22), às 9h, para tratar da distribuição de insulina, medicamento fundamental para o tratamento da doença que atinge 16,8 milhões de brasileiros. Integrantes da Associação de Diabetes Junvenil (ADJ Diabetes Brasil) e da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) vão conversar, em reunião virtual, com Hélio Angotti, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos. Entre outros temas, os grupos pretendem discutir a dificuldade de obtenção de insulina análoga de ação rápida, modelo mais moderno e mais caro do que as doses convencionais. Para melhorar a distribuição de insulina, as entidades defendem uma nova forma de disponibilização na atenção básica e não na especializada do SUS.

Pessoas com diabetes ouvidas pelo Correio relatam dificuldade em obter tipos específicos de insulina na rede pública de atendimento. Desde os quatro anos de idade, a cirurgiã-dentista Thaís Cachuté Paradella, 40 anos, trava uma batalha contra o diabetes tipo 1. Como não encontra o tipo de que necessita no SUS, precisa recorrer às farmácias comerciais. “O problema é o preço da insulina análoga de ação lenta, que gira em torno de R$ 120 cada”, afirma. “O governo conseguiria resolver isso, fornecendo essas insulinas mais modernas para serem entregues nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)”, acredita. O Ministério da Saúde, incorporou esse tipo de insulina em março do ano passado, mas ainda não esta disponível para pessoas com diabetes tipo 1, de acordo com o Diário Oficial. 

Hermelinda Pedrosa, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), participará do encontro com o Ministério da Saúde. Atual assessora de relações governamentais da SBD, a endocrinologista lembra que “pessoas com diabetes são mais vulneráveis à Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e à síndrome respiratória do Oriente Médio, duas infecções respiratórias fatais anteriores por coronavírus nas últimas décadas.”

Vanessa Pirolo, coordenadora de advocacy da ADJ Diabetes Brasil, também participante do encontro com o Ministério da Saúde, afirma que é fundamental entender as dificuldades das pessoas com a doença em obter a medicação adequada. No período da pandemia, a situação requer ainda mais atenção. “ (O diabetes) é uma das principais doenças, que leva a complicações mais sérias, se a pessoa tiver a contaminação pelo coronavírus”, alerta.

Procurado pelo Correio, o Ministério da Saúde informou que, em 2019, distribuiu 24,8 milhões de unidades de insulina. Neste ano, até o mês de agosto, o repasse às unidades de atendimento foram de 39,5 milhões de unidades. O Governo federal fornece insulina para o tratamento do diabetes tipo 2 por meio de dois programas. O primeiro é o Componente Básico da Assistência Farmacêutica (CBAF), que oferece a insulina humana NPH e a regular (por frasco-ampola e canetas). O segundo programa chama-se Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), mais conhecido como Alto Custo, que disponibiliza a insulina análoga de ação rápida (para o tratamento do diabetes tipo 1). Recebem atendimento todos os pacientes cadastrados no programa, desde que atendam aos critérios de elegibilidade estabelecidos no Protocolo Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). 

Segundo o Ministério da Saúde, não há registro de desperdício de doses de insulina por perda de prazo de validade.

De acordo dados Obtidos pela ADJ Diabetes Brasil, através da Lei de Acesso a Informação em agosto de 2020, somente 43.762 brasileiros de 396 mil, conseguiram ter acesso as insulinas análogas de ação rápida. “Com os dados obtidos por esse documento feito pelo Ministério da Saúde, somente 11% dos 396 mil brasileiros tiveram acesso a esse medicamento e é estimado que haja uma perda entre 900 mil a 1,4 milhões de canetas até junho do ano que vem”, afirma.

Fonte: O Correio Brasiliense

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