Jardinagem pode ser aliada da saúde mental no isolamento social da pandemia, diz psicóloga da PB

Plantas foram aliadas no enfrentamento da Covid-19 para a publicitária Nara Fernandes

Entre o ano novo e o natal do ano passado, a publicitária Nara Fernandes contraiu a Covid-19. A doença foi desenvolvida apenas na forma leve, mas ela ainda teve que se isolar da família com quem mora, justamente na época do ano em que mais se quer ficar junto. Sozinha e doente, Nara recorreu à jardinagem para aprimorar sua rotina, e as plantas foram suas parceiras de confinamento.

No isolamento social, é comum procurar uma atividade para preencher o tempo e o vazio que se sente estando sozinho de quem mais se ama.

O novo hobby da publicitária começou apenas com uma ideia, mas virou cada vez mais parte do dia a dia de Nara. A atividade a ajudou na sua ansiedade pois, com a companhia das plantas, já não se pensava tanto na doença e não se sentia tão solitária.

Entre cactos e trepadeiras, ela foi construindo em casa, um lar para suas novas amigas.

“Realmente foi uma distração, porque quando você está com Covid, tá doente, você não consegue ficar produzindo tanto. Eu meio que conversava com elas, ficava de boas e eu meio que querendo ou não, você tem aquele compromisso de água, se ver se a terra está úmida sempre…”

A psicóloga Morgana Andrade explica que, durante o isolamento, o sono pode ficar desregulado, a ansiedade pode se intensificar, o medo ou receio da contaminação pode gerar desconforto, trazendo tristeza e desânimo. É preciso ter cuidado com os problemas advindos dessa falta de socialização, do contato constante com as redes sociais e o sentimento de cerceamento da liberdade.

Por isso, atividades de lazer são essenciais para desenvolver criatividade e combater a monotonia. “É necessário que a mente seja ocupada também com tarefas prazerosas, e os hobbies, muitos deles descobertos durante esse período, têm papel fundamental”.

Agora, Nara também começou a cultivar sua própria horta, com ervas frescas para temperar a comida. O próximo passo do novo hobby também é aprender a lidar com espécies que precisam de muito sol e podem ficar na parte externa do apartamento.

“Eu tô começando agora por plantas na área de sol e também tenho uma hortinha em casa, que eu faço meus próprios temperos. Manjericão fresco, hortelã, tomilho…”

É preciso semear, regar e cuidar, o que demanda tempo e organização. Além de promover uma atividade que ajuda para amenizar o estresse da pandemia, cuidar de plantas também estabelece uma rotina. Quando um novo broto floresce, os frutos são colhidos também na mente do jardineiro, através de um sentimento de satisfação e orgulho, vindos da colheita.

A psicóloga Morgana explica que a rotina apenas acrescenta na jornada de melhora da saúde mental. “Quando organizamos nosso tempo, acabamos conseguindo praticar hobbies quase diariamente e isso nos faz ter mais vontade de viver e momentos felizes”.

O gerente adjunto do home center Ferreira Costa, Ceciliano Venceslau, relata que o setor de jardinagem da loja teve um aumento de 15% nas vendas durante a pandemia e justamente as sementes de hortaliças são as mais procuradas.

Ele percebeu uma mudança de pensamento em quem procura o setor: as pessoas passaram a ver a jardinagem não só como ornamentação, mas também como um momento para se desligar do mundo externo.

“Com este novo momento, as pessoas, mesmo com locais pequenos, buscaram e aguçaram a criatividade e cada canto da casa/apartamento virou um local de terapia, prazer e por que não de dar aquele sabor à comida caseira, com uma simples folha de uma hortaliceira plantada e cultivada por ela própria?”, disse.

Fonte: G1

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