Leonor Girão: “A menopausa não é uma doença”

Dermatologista diz que há muito a fazer para melhorar qualidade de vida das mulheres.

Outubro é o mês da menopausa e para debater este momento tão especial na vida das mulheres, um grupo de especialistas de várias áreas – ginecologia, cardiologia, dermatologia, nutrição, sexologia e farmacologia – reuniram-se em Lisboa para falar dos avanços que têm surgido nos últimos anos sobre estas matérias. Em entrevista, a dermatologista Leonor Girão fala deste momento tão especial na vida das mulheres.

– Que balanço faz da conferência ‘Mulheres sem Pausa’? O que é preciso que toda a população saiba sobre a menopausa?

– É preciso continuar a dizer que a menopausa não é uma doença. É um período da vida da mulher. Um período importante, em que há diversas alterações a que é preciso atender. As mulheres têm de aprender a conviver com as mudanças, é certo, mas também é certo que há muitas formas de minimizar os efeitos negativos deste período.

– A nível da pele, as consequências são particularmente visíveis?

– A nível da pele, algumas das consequências da menopausa, que se prendem com a diminuição dos estrogénios, revelam-se no aparecimento de mais rugas. A pele fica mais fina, desidratada, e não só a pele, mas também as mucosas, nomeadamente a mucosa vaginal. Nesse capítulo, há tratamentos e técnicas que podem ser aplicados para restituir qualidade à vida da mulher.

– Houve alguma informação nova, na conferência, que a tenha surpreendido?

– Aquilo que me surpreendeu mais talvez tenha sido a comunicação da colega de cardiologia, que achei bastante interessante. Realçou o facto de que, a partir da menopausa, as mulheres têm um risco acrescido – tal como os homens – de sofrerem enfarte agudo do miocárdio. Algo que muitas vezes não é valorizado. As mulheres por vezes têm queixas cardíacas que são encaradas de ânimo leve e isso pode ter consequências graves.

– Tem havido avanços importantes na abordagem aos problemas próprios da menopausa?

– Uma das áreas que tem tido maior avanço, nos últimos cinco anos, é a do rejuvenescimento vaginal. Um dos sinais da menopausa é a atrofia vaginal, mas felizmente conseguimos tratá-la com laser, com grande qualidade. É um procedimento que não é doloroso nem requer internamento.

– E a questão estética?

– Bem, nos últimos dez anos as mulheres têm dado mais importância ao seu aspeto e conseguimos compensar o envelhecimento da pele com produtos tópicos, ou seja cremes, mas também com outras técnicas da dermatologia, como os peelings, o laser, a radiofrequência, as técnicas de micro-ondas focalizados. Há muito para fazer.

– E é possível derrotar o estigma que envolve as mulheres no período da menopausa?

– Penso que é uma questão de informação e de divulgação. Combater a atitude: “Ah, tem de aguentar”. Não é bem assim. Há muitos problemas que podem ser minimizados, outros que podem ser corrigidos. Não é uma questão de lutar pela eterna juventude mas sim de reclamar o direito a ter uma boa qualidade de vida. As mulheres não se podem acomodar. Têm de saber que há especialistas para as ajudarem a ultrapassar os problemas.

Fonte: CM Jornal

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