Apesar de parecerem iguais, diferentes quantidades de substâncias tornam a água de garrafa boa ou prejudicial à saúde
Com tantas opções disponíveis no mercado, a escolha de qual marca de garrafa de água comprar parece envolver o valor e o fato de ser ou não gasosa. O conteúdo, no entanto, pode ser completamente diferente e estar atento aos valores nutricionais que aparecem na embalagem é importante para manter uma boa saúde.
Isso porque a água engarrafada tem substâncias como o sódio, que em excesso está ligado a doenças como pedras nos rins e hipertensão. Para garantir que essas informações estejam acessíveis ao consumidor, no Brasil, é obrigatório que os rótulos das águas carreguem a composição química do conteúdo, expressa em miligramas por litro.
A composição é a parte principal à qual o consumidor deve estar atento na hora de escolher a marca, explica o cardiologista e nutrólogo, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN), Daniel Magnoni:
— É importante se atentar aos tipos e quantidades de minerais que a água tem. Toda água, natural ou gasosa, é composta de minerais, o que influencia a saúde. Se você tem, por exemplo, hipertensão, deve escolher uma água que tenha menos sódio.
Confira os principais pontos que devem ser levados em consideração na hora de escolher a água no mercado.
Sódio
É o principal componente para se estar atento. Quando a concentração ultrapassa 200 miligramas por litro de água, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga que as marcas acrescentem a informação “contém sódio” na embalagem, além da tabela com os valores nutricionais.
Há diversas relações entre o excesso do composto e problemas de saúde, mas um estudo publicado na revista científica The Lancet, conduzido por pesquisadores do Imperial College de Londres, investigou a ingestão específica do sódio por meio da água.
Eles comprovaram que esse excesso é um fator de risco para hipertensão e que optar por fontes com baixo teor de sódio pode ajudar a prevenir a morbidade e mortalidade relacionadas à elevação da pressão arterial.
Isso acontece principalmente porque os alimentos consumidos durante o dia já têm altas quantidades de sódio, então a ingestão extra por meio da água acaba se tornando prejudicial. Por isso, os especialistas explicam que a proporção ideal é abaixo de 30 mg/l.
Validade
Apesar de a água em si não ter uma data de expiração, as garrafas de água têm. Isso porque aspectos externos, como um mau fechamento da tampa e a mudança na temperatura, podem tornar o produto mais suscetível a contaminações com o tempo. Então, uma dica importante é estar atento se a garrafa está dentro do prazo estipulado na embalagem.
— Principalmente se for uma água gaseificada, esse é um critério importante a ser observado — destaca Magnoni.
Além disso, verificar se a tampa está bem fechada é outra recomendação dos especialistas. Caso a tampa fique molhada ao movimentar o produto, é possível que o lacre não esteja firme, o que pode comprometer a integridade do líquido pelo risco de contaminação por substâncias externas.
PH
Um fator que algumas pessoas levam em consideração na escolha é o pH da água. O índice varia de 0 a 14, em que um pH menor que 7 é considerado ácido, acima é considerado alcalino e por volta de 7 seria o neutro.
O ideal é entre 7 e 9,5, mais alcalino. Isso porque PHs mais ácidos, de 0 a 6, podem atrapalhar o organismo na tarefa de anular os radicais livres.
Potássio, cálcio, magnésio e iodo
Magnoni explica que outros minerais presentes na água devem ser levados em consideração. Para pessoas hipertensas, por exemplo, ele ressalta que, além de evitar o sódio, uma marca que tenha um nível de potássio mais elevado pode ser uma boa ideia pelo seu efeito hipotensor, que baixa a pressão arterial do sangue.
O mineral também é bem-vindo para os músculos e evita cãibras.
Já para quem tem histórico de pedras nos rins, é recomendado escolher opções com os menores teores de cálcio e magnésio, pois são substâncias que podem influenciar na formação dos cálculos.
Além disso, para pessoas que têm distúrbios da tireoide, como hipotiroidismo e hipertireoidismo, é importante estar atento se a água tem iodo em sua composição, por se tratar de uma substância que afeta o funcionamento da glândula.
Selênio, ferro e zinco
Magnoni acrescenta ainda que quem tem anemia pode escolher opções com teor mais alto de ferro e zinco. A quantidade na água não será suficiente para atuar como um suplemento em caso de deficiência desses minerais, mas pode ser bons para um incremento da saúde. O zinco também é indicado para quem tem fraqueza muscular.
O nutrólogo destaca também que, para pessoas com doenças cardiovasculares, opções que tenham selênio entre os nutrientes são uma boa escolha pelo seu efeito antioxidante.
Bário e nitrato
Bário e nitrato pertencem ao grupo de químicos prejudiciais ao organismo. Logo, devem aparecer em doses pequenas, abaixo de (bem abaixo de 0,7 mg/l e 50 mg/l).
— Outra recomendação é importante é que águas com maior teor de gás sejam evitadas por quem tem distúrbios do trato gastrointestinal, como refluxo e gastrite, seja o gás natural ou adicionado — finaliza Magnoni.
Fonte: O Globo